Eu me vejo trancafiado numa redoma
onde os olhares se perdem
e as vozes jamais me alcançam.
Cada dia é um déjà vu,
cada segundo, uma cópia desbotada
de uma fala que ecoa sem vida.
Medo e alívio travam
uma guerra silenciosa –
um dia o medo me domina,
outro, o alívio se faz prisioneiro,
num ciclo sem fim,
um duelo sem vencedores.
Paralisado, procuro
um chão firme em águas turvas,
um lugar onde o peso do ser
não afunde minha alma.
Preciso de ajuda,
de um abraço que me resgate,
do emprego que me defina –
mas o pranto se cala,
como se minhas lágrimas
fossem proibidas
num deserto de olhos secos,
um espelho que já não me reconhece.
Mostre-me um caminho,
porque cada passo é incerteza
e continuar
é o desafio que me resta.
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